"Educar é mostrar a vida a quem não a viu".Quero ensinar as crianças, elas ainda têm olhos encantados. Seus olhos são dotados daquela qualidade que, para os filósofos gregos, era o início do pensamento: a capacidade de se assombrar diante do banal". Rubem Alves

domingo, 1 de maio de 2011

TDAH - Transtorno do Déficit de Atenção e Hiperatividade

              O TDAH - Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade  é  reconhecido pela OMS (Organização Mundial da Saúde) como uma  síndrome,  um problema de saúde mental. De acordo com o DSM-IV (Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais), o diagnóstico é feito com base em inúmeros sintomas no âmbito da desatenção, hiperatividade ou em ambos,  sendo caracterizado por:  
·         Dificuldades de atenção/concentração:
·         Presença de hiperatividade/inquietude: intensa agitação motora;
·         Impulsividade;
           Na década de 60, crianças que apresentavam fraca coordenação motora, dificuldades de aprendizagem e instabilidade emocional, sem lesões neurológicas específicas,  eram descritas como tendo “disfunção cerebral mínima”. À partir disso, outras hipóteses foram sendo  construidas para explicar a origem do transtorno, como uma condição de base genética, com nível anormal de excitação e fraca capacidade para modular as emoções.  Sua causa,  diagnóstico e utilização para justificar mal desempenho escolar e acadêmico, além do grande número de tratamentos com anfetaminas, vem gerando  polêmicas desde a década de 70.  Alguns especialistas defendem o uso de medicamentos e outros,  postulam que o indivíduo deve aprender a lidar com o problema sem a intervenção medicamentosa, por tratar-se de um transtorno social.
            De acordo com Kaplan (1997),  alguns pais de crianças com TDAH podem apresentar tendência ao alcoolismo, sociopatia, entre outros transtornos.
           Pesquisas apontam como possíveis causas do transtorno, a hereditariedade, problemas durante a gravidez ou no parto, exposição à algumas substâncias (como o chumbo) e problemas familiares que propiciam o aparecimento já predisposto geneticamente (estrutura familiar caótica, intensos conflitos conjugais,  etc.). Esses problemas podem não originar o distúrbio, mas reforçam o surgimento do mesmo.
            O TDAH acomete ambos os sexos e pode haver uma maior incidência no sexo masculino. Entre 3% e 6% de crianças em fase escolar são diagnosticadas com o transtorno.  Entre 30 a 50% dos casos persistem até a idade adulta. Ele independe do grau de escolaridade, situação sócio-econômica ou nível cultural e pode resultar em diversos prejuízos para a pessoa, caso não seja diagnosticado e tratado precocemente.   
            Geralmente, o início do problema ocorre por volta dos 3 anos de idade, mas o diagnóstico somente é feito quando a criança entra na escola, onde a situação de aprendizagem normal, exige padrões de comportamentos estruturados, incluindo períodos de atenção, concentração e disciplina, adequados para o desenvolvimento, que ela não consegue dar conta.
           O TDAH pode ser classificado como:

  •   Do tipo combinado: associado à outros sintomas;
  •   Do tipo predominantemente hiperativo-compulsivo;
  •   Do tipo desatento;

      O TDAH pode levar a criança a ter problemas que englobam: dificuldades emocionais, de relacionamentos, baixo desempenho escolar, podendo estar associado a outros sintomas(comorbidades), como: TOC (Transtorno Obsessivo-compulsivo), TOD (Transtorno Desafiante Opositivo), etc.

      Geralmente  a  criança hiperativa possui uma inteligência normal ou acima da média, sendo muito criativa, intuitiva, argumentativa, astuta,  afetiva, generosa, original,  embora possa apresentar problemas de aprendizagem  e de comportamento.   Costuma se  isolar, sentindo-se segregada dos demais, não compreendendo porque é diferente. Como  não consegue na maioria das vezes concluir  as tarefas escolares e o que lhe é proposto no tempo devido, demonstra intensa perturbação, sofrendo  com o estresse e cobranças.  Desenvolve baixa auto-estima, sentimento de tristeza, incapacidade, irritabilidade com questionamentos, impaciência, intolerância à frustração e em aceitar regras.
          As crianças com TDAH apresentam dificuldades em controlar impulsos, sentem-se frequentemente mais aborrecidas quando contrariadas, perdendo rapidamente o interesse por atividades que julguem enfadonhas. Demonstram sentirem-se mais atraídas pelos aspectos recompensadores e divertidos  em qualquer situação. Se ocorrer uma redução de estimulos, fica ainda mais difícil  manter a sua atenção.
Portanto, os problemas mais comuns associados ao trantorno são:
  • Dificuldades para transformar  idéias em ação;
  • Problemas para explicar seu ponto de vista e se fazer entender;
  • Falta de iniciativa;
  • Humor instável: oscila da alegria para a raiva ou tristeza rapidamente;
  • Pouca tolerância à frustração;
  • Problemas com organização e gerenciamento do tempo;
  • Necessidade constante de adrenalina para se sentir sempre estimulado;
  • Tendência ao isolamento e à solidão;
  • Tendência a desenvolver comportamento adicto (ingestão de bebidas alcoólicas, drogas ilícitas, etc)
  • Dificuldades de aprender com os próprios erros;

Sintomas relacionados à desatenção:

  • Não prestar atenção em detalhes;
  • Dificuldade de concentração em tarefas e ao que lhe é dito;
  • Dificuldade em aceitar e seguir regras e instruções;
  • Se distrai facilmente com outras atividades;
  • Não consegue terminar o que começa;
  • Desorganização;
  • Evita atividades que exijam um esforço mental continuado ou tarefas muito complexas que acabam se tornando entediantes e ficam esquecidas;
  • Perde coisas com facilidade;
  • Esquece compromissos e tarefas importantes;
  • Tem dificuldades de administrar questões financeiras;
  • Tem dificuldade em fazer planejamentos e traçar metas de curto ou longo prazo;

Dentre os sintomas relacionados à hiperatividade/impulsividade estão:

  • Ficar remexendo  mãos e pés quando sentado, o tempo todo;
  • Não consegue permanecer sentado por muito tempo;
  • Pula, corre, escala excessivamente em situações inadequadas;
  • Intensa agitação e sensação interna de inquietude;
  • É barulhento(a) ao realizar tarefas e atividades lúdicas;
  • Fala demais sem antes pensar no que precisa dizer;
  • Responde à perguntas antes de serem formuladas;
  • Não consegue esperar a sua vez;
  • Intromete-se em conversar ou jogos dos outros;
            Os pais e professores de uma  criança hiperativa devem solicitar encaminhamento à uma equipe multidisciplinar de profissionais especializados (neuropediatras, psiquiatras, psicólogos, etc.) para iniciar o tratamento e serem devidamente orientados sobre como proceder.
            O  transtorno  deve ser detectado ainda na infância e tratado com medicação e psicoterapia. O uso de medicação apenas,  não satisfaz as necessidades de uma criança com TDAH, por isso, é extremamente importante que se adicione a psicoterapia individual, com intervenção e modificação do comportamento, acompanhadas de aconselhamento parental e tratamento de algum outro distúrbio específico do desenvolvimento, se necessário.
            Não existe uma cura para o TDAH,  mas o paciente pode apresentar remissão de alguns sintomas e significativa melhora do quadro, aprendendo a lidar com o problema, amenizando seu sofrimento, aumentando assim a sua consciência e qualidade de vida.

Por Aline Debatin           

Referências Bibliográficas:

American Psychiatric Association - DSM-VI-TR. Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais. Trad. Dornelles, C. 4ª Edição. Rev.Porto Alegre: Artmed, 2002
KAPLAN, Harold. Compêndio de Psiquiatria: Ciências do Comportamento e Psiquiatria Clínica.Porto Alegre, Artmed, 1997. 7ª Edição.

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