"Educar é mostrar a vida a quem não a viu".Quero ensinar as crianças, elas ainda têm olhos encantados. Seus olhos são dotados daquela qualidade que, para os filósofos gregos, era o início do pensamento: a capacidade de se assombrar diante do banal". Rubem Alves

sábado, 11 de junho de 2011

Análise crítica do artigo: “Sobre a relação entre Educação e Psicanálise no contexto das novas formas de subjetivação. (MACIEL, 2005)

Análise crítica do artigo: “Sobre a relação entre Educação e Psicanálise no contexto das novas formas de subjetivação. (MACIEL, 2005)
          
           Maciel (2005) em seu artigo sobre a relação entre Educação e Psicanálise no contexto das novas formas de subjetivação, pretende analisar e discutir com referência em alguns textos freudianos e de outros autores mais contemporâneos, como seria possível unir a prática educativa à psicanálise, que se consiste como uma teoria do inconsciente, um método de investigação com conceitos sistematizados sobre o funcionamento da vida psíquica, fundada por S. Freud (1856-1939), que se caracteriza como uma forma de intervenção e tratamento pela análise, visando o auto-conhecimento.  
           Neste sentido, qual seria o papel do educador na contribuição do desenvolvimento das novas formas de subjetivação, que pelo contexto da psicanálise, buscaria a construção efetiva de sujeitos mais empáticos, autônomos, singulares e criativos?
         Antes de refletir sobre tal questão, podemos pensar de forma breve também sobre a concepção histórica em relação ao papel da família, cultura, sociedade e escola ao longo dos tempos.
          Sabe-se que o aprendizado e a construção do conhecimento não são adquiridos somente na escola, mas também através da dinâmica da relação da criança em contato com os diversos estímulos e mediadores sócio-ambientais (família, sociedade, etc.) desde os seus primeiros dias de vida. É através dessa dinâmica que a criança é inserida no mundo cultural e simbólico, onde começa a construir seus conhecimentos e saberes.
          O homem é um ser social que necessita das relações e que se sabe como sujeito, construindo sua subjetividade e processo identificatório a partir dessa dinâmica de interação com o meio ao qual ele está inserido. Ele tem uma relação de interdependência com o sistema, recebendo influências e interferindo nele também. Nesta lógica, toda ação humana passa a ser modelada conforme os determinantes culturais, políticos e sociais. Por outro lado, o homem é um ser dotado de linguagem, em constante mutação, que idealiza, faz projetos e que vive mergulhado num universo simbólico, com o poder de criar, transformar e se constituir a partir da abstração do pensamento.
             Historicamente, cultura, ideologia e poder sempre estiveram fortemente relacionados e a escola foi considerada uma instituição que tinha como função principal a de transmitir e representar os conceitos dessas instâncias. O sistema escolar sempre reproduziu os preceitos das classes sociais dominantes, garantindo a sua perpetuação, baseando-se nas relações de domínio e subordinação.
       O conceito de cultura foi aceito sem maiores questionamentos como sendo tudo aquilo que a humanidade havia produzido de melhor em termos materiais, artísticos, filosóficos, científicos, literários. A modernidade ficou mergulhada num modelo monocultural, onde a educação sempre foi entendida como um caminho para se atingir o mesmo sucesso alcançado pelos grupos sociais mais cultos e privilegiados. Dentro dessa perspectiva, a educação escolarizada deveria ser a mais homogênea, padronizada, previsível, segura e menos ambivalente possível, se construindo num processo de transmissão da cultura com seus valores, normas, atitudes e representações, cuja principal função era a de reproduzir a ideologia dominante, além de preparar o homem desde a infância, através de longos anos de aprendizado e formação, para ser produtivo e ingressar no competitivo universo capitalista do trabalho. O que menos se pensava dentro dos espaços de escolarização, com base nesse modelo e perspectiva, era na constituição de um sujeito singular, capaz de pensar, questionar, interagir, dotado de um potencial criativo, simbólico, empreendedor e transformador.
              No passado, muitas gerações se constituiram dentro desse contexto educacional que preconizava a uniformização, a ordem, a disciplinarização e a homogeneidade, onde havia o poder legitimado do professor, que era valorizado como figura de autoridade inquestionável, que transmitia conhecimentos de maneira mecanicista para alunos que se condicionavam a decorar e assimilar conteúdos passivamente. Nesse contexto, as relações de poder sempre foram evidenciadas pelo processo de hierarquização e distanciamento entre professor e aluno. O aluno era severamente punido, caso desrespeitasse a ordem, com palmatórias e castigos.
            Nos últimos tempos, a educação no Brasil vem passando por diversos processos e transformações, disciplinas que antes eram atreladas a ideologia militar como: Moral e Cívica, OSPB, etc. foram retiradas do currículo. O Hino Nacional deixou de ser cantado nas escolas. O professor, mesmo ainda sendo uma figura de autoridade, foi aos poucos desautorizado a aplicar esse tipo de punições, de acordo com as novas leis dos Direitos Humanos, ECA, entre outros, que visam à proteção da criança e do adolescente. 
            Por outro lado, e dentre tantos problemas que ainda precisam de uma solução e que continuam no âmbito da polêmica e da discussão pela dificuldade de se agregar teoria e prática, como é a questão da inclusão social, tem se observado algumas mudanças positivas, conforme nos aponta o artigo em referência que sugere uma maior valorização da interação entre aluno e professor, a expressão da criatividade, o estímulo ao questionamento e a participação mais efetiva do educando, levando em consideração a sua subjetividade e singularidade.
           Em relação ao surgimento das novas formas de subjetivação com base no artigo de Maciel (2005) hoje podemos observar que existe uma geração que se apresenta com uma maneira de ser, pensar e de se comportar diferenciada em relação aos jovens e alunos de outras épocas. Neste sentido, é necessário que seja feita por parte dos educadores de forma geral, uma reflexão e compreensão sobre o surgimento desse novo tipo de estudante, que também apresenta capacidades e necessidades específicas, de acordo com o atual contexto sócio-cultural em que estamos vivenciando.
         Maciel (2005) afirma que de acordo com diversos autores das ciências humanas, vivemos em um momento em que se verifica uma série de problemas nos atuais processos de subjetivação com patologias a eles associadas. Dentre eles, ela destaca a “apatia” e a "cultura do narcisismo", e pelos atos de violência observados, sem qualquer objetivo de transformação ou projeto histórico, como ocorria outrora.          Com isso, podemos pensar também nessa nova subjetividade que vêm sendo construída, a partir da relação entre a cultura juvenil e a complexa e crescente rede globalizada sustentada pela mídia e pela tecnologia, com seu forte apelo consumista, que apesar de facilitar a vida moderna, também cria necessidades ilusórias de consumo.
          Observamos, não de forma generalizada, que existe uma crise acentuada de identidade e valores, indiferença, banalização da violência, falta de respeito, limites, orientação, comunicação, afeto, dependência emocional e pobreza de universo simbólico e subjetivo.  Outros convivem num imenso vazio existencial, que tenta ser preenchido pelo consumismo desenfreado, que estimula a cultura do “ter”, da “aparência” (narcisismo), do imediatismo, do individualismo, em detrimento do “ser”, do cultivo da memória para relembrar a história. Também existe uma desmotivação para o aprendizado, um desinteresse pelo auto-conhecimento e pelo “outro”, nos quesitos: alteridade, empatia, solidariedade, compaixão, compreensão, respeito às diferenças, aceitação.           
         As novas gerações estão nascendo já inseridas nesse novo contexto e tudo o que ainda nos causa estranheza por pertencermos a gerações anteriores, para eles já é algo natural. As diferenças existem e precisamos aprender a criar outras formas e habilidades para compreendermos, atuarmos e nos adaptarmos as mudanças da pós-modernidade. Os elementos que sempre foram pensados como sendo componentes invariáveis e norteadores da experiência humana, são na verdade, meras construções sociais que se modificam com o passar do tempo.
          A educação e todos os seus profissionais envolvidos nela (pedagogos, psicólogos, psicopedagogos, coordenadores, etc.) continuam exercendo papel fundamental nesse processo, precisando rever constantemente sobre a sua prática, permitindo novos métodos de abordagem, dentre eles a Psicanálise, como uma forma alternativa de lidar com essa nova subjetivação.
         Conforme Maciel (2005), o entrecruzamento desses dois campos de saber, psicanálise e educação tem uma história marcada por variadas tendências.
          Maciel (2005) cita o livro de Millot (1979) como referência crítica para os interessados nessa ligação, que mostrava uma oposição para a interseção entre educação e psicanálise. Nesse livro, a autora afirmava a impossibilidade de aplicar a psicanálise à educação e que no máximo esta poderia transmitir ao educador uma ética, um modo de ver e de entender a prática educativa.  E de acordo com os ensinamentos de Lacan, a posição de Millot (1979) radicalizava as separações existentes entre esses dois campos porque ela se contrapunha claramente à tradição psicanalítica de se colocar como educadora das pulsões, tendo um objetivo profilático em relação às neuroses. Neste sentido, Anna Freud encaixava-se aqui como uma representante, que colocava tanto educadores quanto psicanalistas num mesmo lugar de suposto saber, onde a análise da criança era associada a medidas educativas, tendendo a transformar-se em Pedagogia.
            Pensando o lado positivo dessa junção, como a Psicanálise poderia contribuir atualmente de forma eficaz na Educação com o surgimento das novas formas de subjetivação?
   Quando a autora cita contribuições de Freud à educação, é vigente a abordagem de transmissão de conhecimento pelo inconsciente (terceira ferida narcísica da humanidade, sendo a primeira o ato de educar e a segunda o ato de governar, como profissões impossíveis de se alcançar um resultado satisfatório). Este conceito de inconsciente é fundamental dentro da teoria psicanalítica, onde os processos mentais se desenvolvem sem intervenção da consciência, não sendo, portanto, passíveis de controle. Portanto, o processo de aprendizagem é uma ação fortemente ligada ao inconsciente, visto que este escapa a nossa pretensão de controle e domínio.
  Segundo Maciel (2005) com base em Freud (1917) o conceito de transferência, (que se estende para além dos consultórios de análise e que perpassa todas as relações) poderia ser aplicado na relação aluno-professor, no qual o discente seria capaz de relacionar-se emocionalmente com seu docente, projetando seus conteúdos inconscientes relacionados às figuras identificatórias parentais e familiares, através do estabelecimento do vínculo e do afeto, onde o professor se colocaria num lugar de escuta, o que facilitaria o processo de ensino e aprendizagem, abrindo maiores possibilidades de se trabalhar o potencial criativo e a singularidade, através da elaboração, re-significação simbólica e atribuição de sentido da realidade vivenciada pelo aluno, pela via da fala, atividade lúdica e também pela questão do desejo, de modo que esta relação estabelecida contribua para o sucesso do processo de aprendizagem de forma terapêutica em sala de aula.
Ou seja, na psicanálise, a transferência funciona como uma potente ferramenta de trabalho, de acordo com a fala de Freud (1914): “... é difícil dizer se o que exerceu mais influência sobre nós e teve importância maior foi nossa preocupação pelas ciências que nos eram ensinadas, ou pela personalidade de nossos mestres.”
          Outro importante conceito da psicanálise abordado por Maciel (2005) relacionado com a educação é a questão sublimatória, onde a atividade intelectual estaria ligada à pulsão sexual, que nos faz pensar na idéia de que para existir de forma mais saudável na sociedade muitas vezes, faz-se necessário que o indivíduo “sublime os seus instintos”.
        Em relação ainda a questão sublimatória da educação, Maciel (2005) de acordo com os referenciais freudianos, aponta para a questão do educador ter em mente, a preocupação em não cometer excessos, no sentido de inibir o desejo e a criatividade do aluno, correndo o risco de contribuir para formação de sujeitos mecanizados e sem consciência crítica, à mercê da imposição do seu próprio modelo.   
        Segundo Freud, (1914) na educação essa energia que move as pulsões pode ser dirigida para a curiosidade intelectual, desempenhando um papel muito importante no desenvolvimento do desejo pelo saber e aprender.
        Outro ponto positivo que se poderia pensar na junção da psicanálise com a educação, seria a questão da empatia e da alteridade. Através do auto-conhecimento, proposto pela psicanálise, a empatia aconteceria naturalmente como conseqüência da compreensão de si mesmo e da dimensão do outro, isto é, fazendo com que tanto educadores quanto alunos pudessem se colocar no lugar das outras pessoas, para melhor compreender, respeitar e aceitar as suas singularidades e diferenças.
          
Referência Bibliográfica:
MACIEL, Maria Regina. Sobre a relação entre Educação e Psicanálise no contexto das novas formas de subjetivação, 2005.
Acesso:http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1414-32832005000200009&lng=pt&nrm=iso

Por Aline Debatin
Psicóloga e Psicopedagoga

domingo, 1 de maio de 2011

TDAH - Transtorno do Déficit de Atenção e Hiperatividade

              O TDAH - Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade  é  reconhecido pela OMS (Organização Mundial da Saúde) como uma  síndrome,  um problema de saúde mental. De acordo com o DSM-IV (Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais), o diagnóstico é feito com base em inúmeros sintomas no âmbito da desatenção, hiperatividade ou em ambos,  sendo caracterizado por:  
·         Dificuldades de atenção/concentração:
·         Presença de hiperatividade/inquietude: intensa agitação motora;
·         Impulsividade;
           Na década de 60, crianças que apresentavam fraca coordenação motora, dificuldades de aprendizagem e instabilidade emocional, sem lesões neurológicas específicas,  eram descritas como tendo “disfunção cerebral mínima”. À partir disso, outras hipóteses foram sendo  construidas para explicar a origem do transtorno, como uma condição de base genética, com nível anormal de excitação e fraca capacidade para modular as emoções.  Sua causa,  diagnóstico e utilização para justificar mal desempenho escolar e acadêmico, além do grande número de tratamentos com anfetaminas, vem gerando  polêmicas desde a década de 70.  Alguns especialistas defendem o uso de medicamentos e outros,  postulam que o indivíduo deve aprender a lidar com o problema sem a intervenção medicamentosa, por tratar-se de um transtorno social.
            De acordo com Kaplan (1997),  alguns pais de crianças com TDAH podem apresentar tendência ao alcoolismo, sociopatia, entre outros transtornos.
           Pesquisas apontam como possíveis causas do transtorno, a hereditariedade, problemas durante a gravidez ou no parto, exposição à algumas substâncias (como o chumbo) e problemas familiares que propiciam o aparecimento já predisposto geneticamente (estrutura familiar caótica, intensos conflitos conjugais,  etc.). Esses problemas podem não originar o distúrbio, mas reforçam o surgimento do mesmo.
            O TDAH acomete ambos os sexos e pode haver uma maior incidência no sexo masculino. Entre 3% e 6% de crianças em fase escolar são diagnosticadas com o transtorno.  Entre 30 a 50% dos casos persistem até a idade adulta. Ele independe do grau de escolaridade, situação sócio-econômica ou nível cultural e pode resultar em diversos prejuízos para a pessoa, caso não seja diagnosticado e tratado precocemente.   
            Geralmente, o início do problema ocorre por volta dos 3 anos de idade, mas o diagnóstico somente é feito quando a criança entra na escola, onde a situação de aprendizagem normal, exige padrões de comportamentos estruturados, incluindo períodos de atenção, concentração e disciplina, adequados para o desenvolvimento, que ela não consegue dar conta.
           O TDAH pode ser classificado como:

  •   Do tipo combinado: associado à outros sintomas;
  •   Do tipo predominantemente hiperativo-compulsivo;
  •   Do tipo desatento;

      O TDAH pode levar a criança a ter problemas que englobam: dificuldades emocionais, de relacionamentos, baixo desempenho escolar, podendo estar associado a outros sintomas(comorbidades), como: TOC (Transtorno Obsessivo-compulsivo), TOD (Transtorno Desafiante Opositivo), etc.

      Geralmente  a  criança hiperativa possui uma inteligência normal ou acima da média, sendo muito criativa, intuitiva, argumentativa, astuta,  afetiva, generosa, original,  embora possa apresentar problemas de aprendizagem  e de comportamento.   Costuma se  isolar, sentindo-se segregada dos demais, não compreendendo porque é diferente. Como  não consegue na maioria das vezes concluir  as tarefas escolares e o que lhe é proposto no tempo devido, demonstra intensa perturbação, sofrendo  com o estresse e cobranças.  Desenvolve baixa auto-estima, sentimento de tristeza, incapacidade, irritabilidade com questionamentos, impaciência, intolerância à frustração e em aceitar regras.
          As crianças com TDAH apresentam dificuldades em controlar impulsos, sentem-se frequentemente mais aborrecidas quando contrariadas, perdendo rapidamente o interesse por atividades que julguem enfadonhas. Demonstram sentirem-se mais atraídas pelos aspectos recompensadores e divertidos  em qualquer situação. Se ocorrer uma redução de estimulos, fica ainda mais difícil  manter a sua atenção.
Portanto, os problemas mais comuns associados ao trantorno são:
  • Dificuldades para transformar  idéias em ação;
  • Problemas para explicar seu ponto de vista e se fazer entender;
  • Falta de iniciativa;
  • Humor instável: oscila da alegria para a raiva ou tristeza rapidamente;
  • Pouca tolerância à frustração;
  • Problemas com organização e gerenciamento do tempo;
  • Necessidade constante de adrenalina para se sentir sempre estimulado;
  • Tendência ao isolamento e à solidão;
  • Tendência a desenvolver comportamento adicto (ingestão de bebidas alcoólicas, drogas ilícitas, etc)
  • Dificuldades de aprender com os próprios erros;

Sintomas relacionados à desatenção:

  • Não prestar atenção em detalhes;
  • Dificuldade de concentração em tarefas e ao que lhe é dito;
  • Dificuldade em aceitar e seguir regras e instruções;
  • Se distrai facilmente com outras atividades;
  • Não consegue terminar o que começa;
  • Desorganização;
  • Evita atividades que exijam um esforço mental continuado ou tarefas muito complexas que acabam se tornando entediantes e ficam esquecidas;
  • Perde coisas com facilidade;
  • Esquece compromissos e tarefas importantes;
  • Tem dificuldades de administrar questões financeiras;
  • Tem dificuldade em fazer planejamentos e traçar metas de curto ou longo prazo;

Dentre os sintomas relacionados à hiperatividade/impulsividade estão:

  • Ficar remexendo  mãos e pés quando sentado, o tempo todo;
  • Não consegue permanecer sentado por muito tempo;
  • Pula, corre, escala excessivamente em situações inadequadas;
  • Intensa agitação e sensação interna de inquietude;
  • É barulhento(a) ao realizar tarefas e atividades lúdicas;
  • Fala demais sem antes pensar no que precisa dizer;
  • Responde à perguntas antes de serem formuladas;
  • Não consegue esperar a sua vez;
  • Intromete-se em conversar ou jogos dos outros;
            Os pais e professores de uma  criança hiperativa devem solicitar encaminhamento à uma equipe multidisciplinar de profissionais especializados (neuropediatras, psiquiatras, psicólogos, etc.) para iniciar o tratamento e serem devidamente orientados sobre como proceder.
            O  transtorno  deve ser detectado ainda na infância e tratado com medicação e psicoterapia. O uso de medicação apenas,  não satisfaz as necessidades de uma criança com TDAH, por isso, é extremamente importante que se adicione a psicoterapia individual, com intervenção e modificação do comportamento, acompanhadas de aconselhamento parental e tratamento de algum outro distúrbio específico do desenvolvimento, se necessário.
            Não existe uma cura para o TDAH,  mas o paciente pode apresentar remissão de alguns sintomas e significativa melhora do quadro, aprendendo a lidar com o problema, amenizando seu sofrimento, aumentando assim a sua consciência e qualidade de vida.

Por Aline Debatin           

Referências Bibliográficas:

American Psychiatric Association - DSM-VI-TR. Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais. Trad. Dornelles, C. 4ª Edição. Rev.Porto Alegre: Artmed, 2002
KAPLAN, Harold. Compêndio de Psiquiatria: Ciências do Comportamento e Psiquiatria Clínica.Porto Alegre, Artmed, 1997. 7ª Edição.

sábado, 16 de abril de 2011

A diferença entre Psicologia, Psicoterapia, Psiquiatria, Psicanálise e Psicopedagogia:

1-Psicologia: Ciência que estuda o comportamento humano, que fala do homem  a partir do seu mundo interno, subjetivo (manifestações, sonhos, desejos, emoções, sentimentos, consciente e inconsciente). Profissão regulamentada no Brasil pela Lei 4.119, de 1962. O psicólogo não é "um bom amigo" ou “conselheiro” é o especialista que auxilia com respeito e ética o paciente/cliente a desvendar suas razões e compreender  dificuldades através de técnicas específicas, caracterizando assim a sua intervenção, com o objetivo promover a saúde mental. O psicólogo não prescreve remédios halopáticos, a não ser que também seja médico. É o profissional habilitado para a aplicação de testes, de acordo com a Lei, CFP;

2-Psicoterapia: Refere-se a um conjunto de técnicas utilizadas por psicólogos, psiquiatras, psicanalistas no processo terapêutico para tratar transtornos, distúrbios e problemas de origem psíquica;

3-Psiquiatria: É uma especialidade dentro da Medicina, que promove a prevenção, diagnóstico clínico, reabilitação e tratamento com a prescrição de medicamentos psicofarmacológicos (benzodiazepínicos, ansiolíticos, antidepressivos, etc.) no campo psíquico;
4-Psicanálise: Teoria do Inconsciente, método de investigação, prática profissional, conjunto de conceitos sistematizados sobre  o funcionamento da vida psíquica, fundada pelo médico vienense Sigmund Freud (1856-1939),  que se caracteriza como forma de tratamento pela análise, que visa uma possível cura através do  auto-conhecimento;  

5-Psicopedagogia: É uma profissão ainda não regulamentada no Brasil. Configura-se como uma especialização que busca integrar conhecimentos e princípios de diferentes Ciências Humanas (Psicologia, Psicanálise, Pedagogia, Filosofia, Sociologia, Neurologia, etc.) de forma multidisciplinar para compreender os processos de aprendizagem e suas possíveis dificuldades. O Psicopedagogo pode atuar em diferentes campos, situando-se na área da Saúde, Empresarial ou Educação, mediando as relações, promovendo a integração e a inclusão social. Sua prática visa compreender as variáveis da aprendizagem humana que ocorrem em todos os espaços e tempos sociais.
Referêrências Bibliográficas:

BOCK, Ana M. et al. Psicologias. Uma Introdução ao Estudo da Psicologia. 13ª Edição.1999.
Site: Psicopedagogia On Line:  http://www.psicopedagogia.com.br/

Reflexões sobre a Educação e o novo Sujeito da Aprendizagem

       Na área Educacional atualmente, dentre diversos temas, discute-se a idéia de que na pós-modernidade, vem surgindo uma nova geração com uma maneira de ser, pensar e se comportar de forma diferenciada em relação aos jovens e alunos de épocas anteriores, onde também há o questionamento se as escolas estão adotando currículos baseados em pressupostos inadequados ou até mesmo obsoletos sobre a natureza desses novos jovens/estudantes.
       Para Green e Bigum (1995), é necessário que haja uma reflexão e compreensão sobre o surgimento desse novo tipo de ser, que apresenta capacidades e necessidades específicas, de acordo com o atual contexto sócio-cultural ao qual estamos inseridos.
       Vivemos hoje numa época em que observamos de forma assustadora, a frenética supervalorização da tecnologia (com seus sofisticados computadores, jogos, acessórios eletrônicos, telefônicos, etc.), constituída pela cultura dos robôs (cyborgs: organismos cibernéticos, híbridos, numa mistura de máquina e de ser humano, realidade social e ficção), das quimeras, onde também existe um forte apelo ao consumismo desenfreado, estimulado e reforçado pela mídia, que cria a todo instante, necessidades ilusórias de consumo, num mergulho à cultura do ter, da aparência, do superficial, da máquina, do aqui e agora, em detrimento do cultivo da memória para relembrar a história,  do ser, do auto-conhecimento, da experiência e da sabedoria.
      Segundo os autores, os jovens de hoje estão passando por um processo de desnaturalização do tempo, por aparentemente não possuírem uma história ou memória, já que vivem num mundo constituído apenas de momentos presentes e desconectados, que se chocam, mas que nunca formam uma progressão contínua e lógica. Antigamente, a juventude (ou adolescência) era vista como uma fase passageira, um estágio temporário em direção à normalidade que chegava com a fase adulta, entretanto, essa passagem agora tornou-se arbitrária e carregada de incertezas, pois os alienígenas, não estão apenas nos visitando, mas estão aqui para ficar e assumir o comando.
      E há um questionamento sobre quem são realmente os alienígenas: serão os alunos ou professores/as?
     Constata-se que uma nova identidade e subjetividade, vêm sendo construída e corporificada em novas formas de ser e de se tornar humano, a partir da relação existente entre a cultura juvenil e a complexa e crescente rede global sustentada pela mídia e pela tecnologia.  Com isso, também ocorre uma nova relação entre mídia e escola, que até então, sempre foi considerada a principal instituição responsável pela aprendizagem, socialização e transmissão de valores culturais em parceria com a família.
      DATOR (1989), identifica a diferença existente entre os alfabetizados na mídia em relação aos alfabetizados no impresso, como um dos principais fatores de transformação do cenário atual. Desconfia que a maioria de nós que fazemos parte de gerações anteriores, fomos condicionados a pensar como um livro e que talvez não sejamos capazes de lidar com toda essa diferença. Ele afirma também que vivemos num paradoxo entre as agonizantes culturas impressas e as emergentes culturas audiovisuais.
      Segundo o autor, por outro lado, distorcemos ou destruímos as sociedades pré-alfabéticas com a nossa cultura impressa, pois ele afirma que ignoramos, desprezamos ou simplesmente não compreendemos muito bem aqueles que aprendem, pensam ou se expressam através de imagens holográficas em movimento. Que embora consigamos partilhar com os jovens desse mesmo espaço comum, achamos difícil certas  vezes lidar com os  mundos virtuais que eles habitam no ecossistema digital, cheio de janelas abertas, interagindo simultâneamente, com a transmissão instantânea de informações através dos satélites, fibra ótica, etc., num espaço veloz, onde se projetam ao mesmo tempo receitas, previsões do tempo, cotações da bolsa, discussões políticas, idéias religiosas, fantasias sexuais, etc.       
     A escola se tornou um importante espaço nesse cenário, com o uso das novas tecnologias da informação.  Os jovens de hoje já nasceram inseridos nesse contexto e para eles tudo é prático e natural. As diferenças existem e o que precisamos é aprender a nos adaptar as mudanças da modernidade.
     Dentro do universo da Educação é preciso que todos os profissionais envolvidos nesta missão (educadores, pedagogos, psicopedagogos, etc.),  repensem constantemente sobre as suas práticas de atuação, revendo seus conceitos e formas de interação com os alunos, estimulando a participação, curiosidade, criatividade, desejo de aprender, saber, pesquisar, senso crítico, consciência e reflexão, respeitando a singularidade e estória de vida de cada um.  É preciso cada vez mais dar ao educando oportunidades e a possibilidade para que ele saía do mero papel de espectador que assimila passivamente conteúdos estipulados, construídos e ditados historicamente para o favorecimento da perpetuação da ideologia das classes dominates,  para se tornar um ser pensante, capaz de empreender, gerir e provocar mudanças.
     Devemos portanto, refletir sobre esse novo sujeito pós-moderno da aprendizagem, que se apresenta hoje num contexto mais amplo do currículo, levando em conta o cenário educacional e cultural existente fora do sistema formal de escolarização, focando o deslocamento da escola para a mídia eletrônica de massa, especialmente o computador e a televisão, como sendo os atuais norteadores do comportamento e da significação humana.
     É importante que educadores avaliem cada vez mais sobre essa relação entre a cultura da mídia/televisão e a escolarização pós-moderna, assim como os movimentos em direção à informatização e o uso da tecnologia no currículo e novas formas de interação, transmissão dos conteúdos e que reflitam também sobre o que vem ocorrendo na sociedade e nas salas de aula com esses novos sujeitos/alunos.

Por Aline de M.Debatin

Referências Bibliográficas 
GREEN, B.; BIGUN,C. Alienígenas na sala de aula. Em: SILVA, T.T. (org.). Alienígenas na sala de aula: Uma introdução aos estudos culturais em Educação. Petrópolis, RJ: Vozes, 1995.