"Educar é mostrar a vida a quem não a viu".Quero ensinar as crianças, elas ainda têm olhos encantados. Seus olhos são dotados daquela qualidade que, para os filósofos gregos, era o início do pensamento: a capacidade de se assombrar diante do banal". Rubem Alves

sábado, 16 de abril de 2011

A diferença entre Psicologia, Psicoterapia, Psiquiatria, Psicanálise e Psicopedagogia:

1-Psicologia: Ciência que estuda o comportamento humano, que fala do homem  a partir do seu mundo interno, subjetivo (manifestações, sonhos, desejos, emoções, sentimentos, consciente e inconsciente). Profissão regulamentada no Brasil pela Lei 4.119, de 1962. O psicólogo não é "um bom amigo" ou “conselheiro” é o especialista que auxilia com respeito e ética o paciente/cliente a desvendar suas razões e compreender  dificuldades através de técnicas específicas, caracterizando assim a sua intervenção, com o objetivo promover a saúde mental. O psicólogo não prescreve remédios halopáticos, a não ser que também seja médico. É o profissional habilitado para a aplicação de testes, de acordo com a Lei, CFP;

2-Psicoterapia: Refere-se a um conjunto de técnicas utilizadas por psicólogos, psiquiatras, psicanalistas no processo terapêutico para tratar transtornos, distúrbios e problemas de origem psíquica;

3-Psiquiatria: É uma especialidade dentro da Medicina, que promove a prevenção, diagnóstico clínico, reabilitação e tratamento com a prescrição de medicamentos psicofarmacológicos (benzodiazepínicos, ansiolíticos, antidepressivos, etc.) no campo psíquico;
4-Psicanálise: Teoria do Inconsciente, método de investigação, prática profissional, conjunto de conceitos sistematizados sobre  o funcionamento da vida psíquica, fundada pelo médico vienense Sigmund Freud (1856-1939),  que se caracteriza como forma de tratamento pela análise, que visa uma possível cura através do  auto-conhecimento;  

5-Psicopedagogia: É uma profissão ainda não regulamentada no Brasil. Configura-se como uma especialização que busca integrar conhecimentos e princípios de diferentes Ciências Humanas (Psicologia, Psicanálise, Pedagogia, Filosofia, Sociologia, Neurologia, etc.) de forma multidisciplinar para compreender os processos de aprendizagem e suas possíveis dificuldades. O Psicopedagogo pode atuar em diferentes campos, situando-se na área da Saúde, Empresarial ou Educação, mediando as relações, promovendo a integração e a inclusão social. Sua prática visa compreender as variáveis da aprendizagem humana que ocorrem em todos os espaços e tempos sociais.
Referêrências Bibliográficas:

BOCK, Ana M. et al. Psicologias. Uma Introdução ao Estudo da Psicologia. 13ª Edição.1999.
Site: Psicopedagogia On Line:  http://www.psicopedagogia.com.br/

Reflexões sobre a Educação e o novo Sujeito da Aprendizagem

       Na área Educacional atualmente, dentre diversos temas, discute-se a idéia de que na pós-modernidade, vem surgindo uma nova geração com uma maneira de ser, pensar e se comportar de forma diferenciada em relação aos jovens e alunos de épocas anteriores, onde também há o questionamento se as escolas estão adotando currículos baseados em pressupostos inadequados ou até mesmo obsoletos sobre a natureza desses novos jovens/estudantes.
       Para Green e Bigum (1995), é necessário que haja uma reflexão e compreensão sobre o surgimento desse novo tipo de ser, que apresenta capacidades e necessidades específicas, de acordo com o atual contexto sócio-cultural ao qual estamos inseridos.
       Vivemos hoje numa época em que observamos de forma assustadora, a frenética supervalorização da tecnologia (com seus sofisticados computadores, jogos, acessórios eletrônicos, telefônicos, etc.), constituída pela cultura dos robôs (cyborgs: organismos cibernéticos, híbridos, numa mistura de máquina e de ser humano, realidade social e ficção), das quimeras, onde também existe um forte apelo ao consumismo desenfreado, estimulado e reforçado pela mídia, que cria a todo instante, necessidades ilusórias de consumo, num mergulho à cultura do ter, da aparência, do superficial, da máquina, do aqui e agora, em detrimento do cultivo da memória para relembrar a história,  do ser, do auto-conhecimento, da experiência e da sabedoria.
      Segundo os autores, os jovens de hoje estão passando por um processo de desnaturalização do tempo, por aparentemente não possuírem uma história ou memória, já que vivem num mundo constituído apenas de momentos presentes e desconectados, que se chocam, mas que nunca formam uma progressão contínua e lógica. Antigamente, a juventude (ou adolescência) era vista como uma fase passageira, um estágio temporário em direção à normalidade que chegava com a fase adulta, entretanto, essa passagem agora tornou-se arbitrária e carregada de incertezas, pois os alienígenas, não estão apenas nos visitando, mas estão aqui para ficar e assumir o comando.
      E há um questionamento sobre quem são realmente os alienígenas: serão os alunos ou professores/as?
     Constata-se que uma nova identidade e subjetividade, vêm sendo construída e corporificada em novas formas de ser e de se tornar humano, a partir da relação existente entre a cultura juvenil e a complexa e crescente rede global sustentada pela mídia e pela tecnologia.  Com isso, também ocorre uma nova relação entre mídia e escola, que até então, sempre foi considerada a principal instituição responsável pela aprendizagem, socialização e transmissão de valores culturais em parceria com a família.
      DATOR (1989), identifica a diferença existente entre os alfabetizados na mídia em relação aos alfabetizados no impresso, como um dos principais fatores de transformação do cenário atual. Desconfia que a maioria de nós que fazemos parte de gerações anteriores, fomos condicionados a pensar como um livro e que talvez não sejamos capazes de lidar com toda essa diferença. Ele afirma também que vivemos num paradoxo entre as agonizantes culturas impressas e as emergentes culturas audiovisuais.
      Segundo o autor, por outro lado, distorcemos ou destruímos as sociedades pré-alfabéticas com a nossa cultura impressa, pois ele afirma que ignoramos, desprezamos ou simplesmente não compreendemos muito bem aqueles que aprendem, pensam ou se expressam através de imagens holográficas em movimento. Que embora consigamos partilhar com os jovens desse mesmo espaço comum, achamos difícil certas  vezes lidar com os  mundos virtuais que eles habitam no ecossistema digital, cheio de janelas abertas, interagindo simultâneamente, com a transmissão instantânea de informações através dos satélites, fibra ótica, etc., num espaço veloz, onde se projetam ao mesmo tempo receitas, previsões do tempo, cotações da bolsa, discussões políticas, idéias religiosas, fantasias sexuais, etc.       
     A escola se tornou um importante espaço nesse cenário, com o uso das novas tecnologias da informação.  Os jovens de hoje já nasceram inseridos nesse contexto e para eles tudo é prático e natural. As diferenças existem e o que precisamos é aprender a nos adaptar as mudanças da modernidade.
     Dentro do universo da Educação é preciso que todos os profissionais envolvidos nesta missão (educadores, pedagogos, psicopedagogos, etc.),  repensem constantemente sobre as suas práticas de atuação, revendo seus conceitos e formas de interação com os alunos, estimulando a participação, curiosidade, criatividade, desejo de aprender, saber, pesquisar, senso crítico, consciência e reflexão, respeitando a singularidade e estória de vida de cada um.  É preciso cada vez mais dar ao educando oportunidades e a possibilidade para que ele saía do mero papel de espectador que assimila passivamente conteúdos estipulados, construídos e ditados historicamente para o favorecimento da perpetuação da ideologia das classes dominates,  para se tornar um ser pensante, capaz de empreender, gerir e provocar mudanças.
     Devemos portanto, refletir sobre esse novo sujeito pós-moderno da aprendizagem, que se apresenta hoje num contexto mais amplo do currículo, levando em conta o cenário educacional e cultural existente fora do sistema formal de escolarização, focando o deslocamento da escola para a mídia eletrônica de massa, especialmente o computador e a televisão, como sendo os atuais norteadores do comportamento e da significação humana.
     É importante que educadores avaliem cada vez mais sobre essa relação entre a cultura da mídia/televisão e a escolarização pós-moderna, assim como os movimentos em direção à informatização e o uso da tecnologia no currículo e novas formas de interação, transmissão dos conteúdos e que reflitam também sobre o que vem ocorrendo na sociedade e nas salas de aula com esses novos sujeitos/alunos.

Por Aline de M.Debatin

Referências Bibliográficas 
GREEN, B.; BIGUN,C. Alienígenas na sala de aula. Em: SILVA, T.T. (org.). Alienígenas na sala de aula: Uma introdução aos estudos culturais em Educação. Petrópolis, RJ: Vozes, 1995.