O TDAH - Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade é reconhecido pela OMS (Organização Mundial da Saúde) como uma síndrome, um problema de saúde mental. De acordo com o DSM-IV (Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais), o diagnóstico é feito com base em inúmeros sintomas no âmbito da desatenção, hiperatividade ou em ambos, sendo caracterizado por:
· Dificuldades de atenção/concentração:
· Presença de hiperatividade/inquietude: intensa agitação motora;
· Impulsividade;
Na década de 60, crianças que apresentavam fraca coordenação motora, dificuldades de aprendizagem e instabilidade emocional, sem lesões neurológicas específicas, eram descritas como tendo “disfunção cerebral mínima”. À partir disso, outras hipóteses foram sendo construidas para explicar a origem do transtorno, como uma condição de base genética, com nível anormal de excitação e fraca capacidade para modular as emoções. Sua causa, diagnóstico e utilização para justificar mal desempenho escolar e acadêmico, além do grande número de tratamentos com anfetaminas, vem gerando polêmicas desde a década de 70. Alguns especialistas defendem o uso de medicamentos e outros, postulam que o indivíduo deve aprender a lidar com o problema sem a intervenção medicamentosa, por tratar-se de um transtorno social.
De acordo com Kaplan (1997), alguns pais de crianças com TDAH podem apresentar tendência ao alcoolismo, sociopatia, entre outros transtornos.
Pesquisas apontam como possíveis causas do transtorno, a hereditariedade, problemas durante a gravidez ou no parto, exposição à algumas substâncias (como o chumbo) e problemas familiares que propiciam o aparecimento já predisposto geneticamente (estrutura familiar caótica, intensos conflitos conjugais, etc.). Esses problemas podem não originar o distúrbio, mas reforçam o surgimento do mesmo.
O TDAH acomete ambos os sexos e pode haver uma maior incidência no sexo masculino. Entre 3% e 6% de crianças em fase escolar são diagnosticadas com o transtorno. Entre 30 a 50% dos casos persistem até a idade adulta. Ele independe do grau de escolaridade, situação sócio-econômica ou nível cultural e pode resultar em diversos prejuízos para a pessoa, caso não seja diagnosticado e tratado precocemente.
Geralmente, o início do problema ocorre por volta dos 3 anos de idade, mas o diagnóstico somente é feito quando a criança entra na escola, onde a situação de aprendizagem normal, exige padrões de comportamentos estruturados, incluindo períodos de atenção, concentração e disciplina, adequados para o desenvolvimento, que ela não consegue dar conta.
O TDAH pode ser classificado como:
- Do tipo combinado: associado à outros sintomas;
- Do tipo predominantemente hiperativo-compulsivo;
- Do tipo desatento;
O TDAH pode levar a criança a ter problemas que englobam: dificuldades emocionais, de relacionamentos, baixo desempenho escolar, podendo estar associado a outros sintomas(comorbidades), como: TOC (Transtorno Obsessivo-compulsivo), TOD (Transtorno Desafiante Opositivo), etc.
Geralmente a criança hiperativa possui uma inteligência normal ou acima da média, sendo muito criativa, intuitiva, argumentativa, astuta, afetiva, generosa, original, embora possa apresentar problemas de aprendizagem e de comportamento. Costuma se isolar, sentindo-se segregada dos demais, não compreendendo porque é diferente. Como não consegue na maioria das vezes concluir as tarefas escolares e o que lhe é proposto no tempo devido, demonstra intensa perturbação, sofrendo com o estresse e cobranças. Desenvolve baixa auto-estima, sentimento de tristeza, incapacidade, irritabilidade com questionamentos, impaciência, intolerância à frustração e em aceitar regras.
As crianças com TDAH apresentam dificuldades em controlar impulsos, sentem-se frequentemente mais aborrecidas quando contrariadas, perdendo rapidamente o interesse por atividades que julguem enfadonhas. Demonstram sentirem-se mais atraídas pelos aspectos recompensadores e divertidos em qualquer situação. Se ocorrer uma redução de estimulos, fica ainda mais difícil manter a sua atenção.
Portanto, os problemas mais comuns associados ao trantorno são:
- Dificuldades para transformar idéias em ação;
- Problemas para explicar seu ponto de vista e se fazer entender;
- Falta de iniciativa;
- Humor instável: oscila da alegria para a raiva ou tristeza rapidamente;
- Pouca tolerância à frustração;
- Problemas com organização e gerenciamento do tempo;
- Necessidade constante de adrenalina para se sentir sempre estimulado;
- Tendência ao isolamento e à solidão;
- Tendência a desenvolver comportamento adicto (ingestão de bebidas alcoólicas, drogas ilícitas, etc)
- Dificuldades de aprender com os próprios erros;
Sintomas relacionados à desatenção:
- Não prestar atenção em detalhes;
- Dificuldade de concentração em tarefas e ao que lhe é dito;
- Dificuldade em aceitar e seguir regras e instruções;
- Se distrai facilmente com outras atividades;
- Não consegue terminar o que começa;
- Desorganização;
- Evita atividades que exijam um esforço mental continuado ou tarefas muito complexas que acabam se tornando entediantes e ficam esquecidas;
- Perde coisas com facilidade;
- Esquece compromissos e tarefas importantes;
- Tem dificuldades de administrar questões financeiras;
- Tem dificuldade em fazer planejamentos e traçar metas de curto ou longo prazo;
Dentre os sintomas relacionados à hiperatividade/impulsividade estão:
- Ficar remexendo mãos e pés quando sentado, o tempo todo;
- Não consegue permanecer sentado por muito tempo;
- Pula, corre, escala excessivamente em situações inadequadas;
- Intensa agitação e sensação interna de inquietude;
- É barulhento(a) ao realizar tarefas e atividades lúdicas;
- Fala demais sem antes pensar no que precisa dizer;
- Responde à perguntas antes de serem formuladas;
- Não consegue esperar a sua vez;
- Intromete-se em conversar ou jogos dos outros;
Os pais e professores de uma criança hiperativa devem solicitar encaminhamento à uma equipe multidisciplinar de profissionais especializados (neuropediatras, psiquiatras, psicólogos, etc.) para iniciar o tratamento e serem devidamente orientados sobre como proceder.
O transtorno deve ser detectado ainda na infância e tratado com medicação e psicoterapia. O uso de medicação apenas, não satisfaz as necessidades de uma criança com TDAH, por isso, é extremamente importante que se adicione a psicoterapia individual, com intervenção e modificação do comportamento, acompanhadas de aconselhamento parental e tratamento de algum outro distúrbio específico do desenvolvimento, se necessário.
Não existe uma cura para o TDAH, mas o paciente pode apresentar remissão de alguns sintomas e significativa melhora do quadro, aprendendo a lidar com o problema, amenizando seu sofrimento, aumentando assim a sua consciência e qualidade de vida.
Por Aline Debatin
Referências Bibliográficas:
American Psychiatric Association - DSM-VI-TR. Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais. Trad. Dornelles, C. 4ª Edição. Rev.Porto Alegre: Artmed, 2002
American Psychiatric Association - DSM-VI-TR. Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais. Trad. Dornelles, C. 4ª Edição. Rev.Porto Alegre: Artmed, 2002
KAPLAN, Harold. Compêndio de Psiquiatria: Ciências do Comportamento e Psiquiatria Clínica.Porto Alegre, Artmed, 1997. 7ª Edição.
TDAH: Causas, Sintomas, Diagnóstico e Tratamento. Portal Banco de Saúde. 2009. TDAH Guia Completo